Na sua última carta enviada à Fundação AIS, o Bispo de Pemba enaltece os padres, irmãs e leigos que “ainda assim, não perderam o ânimo pastoral e continuam a evangelização com muita esperança. Mesmo no Norte, permanecem firmes e usam a criatividade para vivenciarem a fé. Eles são consolo e alento para o nosso povo em constante fuga e medo gerado pela violência.”
Desde 2017 que grupos armados lançam o terror e o medo em Cabo Delgado. Há centenas de mortos e mais de 200 mil deslocados. O Daesh, grupo jihadista que expulsou os Cristãos da Planície de Nínive, no Iraque, tem reivindicado estes ataques. O objectivo é sempre o mesmo: criar um ‘califado’, expulsar os Cristãos e os Muçulmanos moderados e impor a ‘sharia’. É a conversão ou a morte.
O que aconteceu em 2014 no Iraque está a repetir-se agora em Moçambique. Pessoas decapitadas; igrejas e comunidades religiosas atacadas e vandalizadas; Sacerdotes, monges e irmãs forçados a abandonar as suas missões; aldeias destruídas; raparigas e mulheres raptadas; campos incendiados… Cabo Delgado está sob ataque.
A Igreja pede-nos ajuda. Há milhares de famílias que perderam tudo o que tinham. “É uma tragédia. A situação humanitária está cada vez mais dramática”, diz o Bispo de Pemba, D. Luiz Lisboa, à Fundação AIS.
> Calcula-se que mais de 1.100 pessoas tenham sido brutalmente assassinadas, centenas estejam desaparecidas e mais de 200 mil se encontrem deslocadas. Fogem dos bandidos, dos homens de negro, dos jihadistas.
Toda esta crise está a afectar fortemente a subsistência do clero diocesano, das paróquias e das várias comunidades religiosas que dependem da solidariedade de benfeitores como os da Fundação AIS.
Na carta enviada para Lisboa, o Bispo de Pemba sublinha que é muito importante canalizar o máximo de ajuda possível para os sacerdotes e as irmãs. São eles que estão lado a lado com o povo que sofre. Mas estão, também eles, de mãos vazias.“São padres que não têm nenhum tipo de rendimento e estão em dedicação total ao seu povo e ao trabalho pastoral”, explica o prelado. “Eles comprometem-se a rezar pelas vossas intenções e juntos, rezaremos pela paz em Moçambique. Que Deus vos abençoe."
A Igreja de Moçambique precisa urgentemente da nossa oração ajuda para sobreviver e continuar a apoiar também o seu povo!
Estou a tentar cumprir o meu papel, tenho procurado dar apoio aos missionários que estão lá, na linha da frente, que estão nesses distritos onde há ataques, e eles têm sido muito corajosos porque muitas vezes são aquele oásis que o povo precisa, para ir chorar, para reclamar, para contar o seu problema, para buscar algum tipo de ajuda.
Então, eu louvo a Deus, agradeço pela coragem que eles têm tido… nenhum deles abandonou o posto, estão lá e eu não posso nem tenho o direito de ter medo, justamente para os apoiar e para que eles continuem a cumprir a sua missão. E eu tento fazer a minha da melhor maneira possível.”