A Síria continua a viver dias dramáticos. A pobreza é generalizada, falta quase tudo, o custo de vida é insuportável e a guerra parece não ter fim. Apesar do desespero, é possível semear sorrisos neste Natal. Proteger 25 mil crianças do frio do Inverno é o objectivo da mais recente iniciativa da Fundação AIS. Não é fácil mas, para a Irmã Annie, não há obstáculos quando o objectivo é devolver a alegria aos mais pequenos…
“A vida é quase insuportável na Síria”, denuncia a Irmã Annie Demerjian, responsável há quase uma década pelas campanhas da Fundação AIS nas cidades de Alepo e Damasco.
Esta religiosa, que já esteve por mais de uma vez em Portugal a convite da Ajuda à Igreja que Sofre, faz um relato impressivo do desespero da população síria ao fim de quase uma década de guerra.
A destruição causada pelos combates é apenas uma das causas da ruína em que se encontra a Síria. As sanções económicas impostas ao regime de Damasco estão a encurralar a população para uma situação dramática que não tem fim à vista. O dia-a-dia é marcado pelo sofrimento.
A Irmã Annie fala-nos de um país onde a pobreza é generalizada, onde faltam medicamentos, onde se registam falhas constantes e prolongadas no fornecimento de electricidade e de água potável. As ruínas causadas pela guerra são apenas um sinal do labirinto de miséria em que se encontram as famílias. As palavras da Irmã Annie, da Congregação de Jesus e Maria, não se desviam do essencial. São um retrato de um país à beira do desespero.
"Vivemos o pior período da nossa história…” UM MILHÃO DE ÓRFÃOS
Os mais novos são, seguramente, dos mais afectados por esta crise. Para muitas crianças, a guerra é a única realidade que conheceram em toda a vida. Nasceram já depois dos combates se terem iniciado há quase dez anos. São filhos da guerra. Habituaram- se aos destroços, ao ruído das bombas, às sirenes dos bombeiros, ao desespero no rosto dos adultos. Aos feridos e aos mortos. Habituaram-se à desgraça. As crianças sírias pertencem a uma geração com o futuro co prometido. Uma em cada três escolas foi danificada ou destruída pela guerra.
Muitas crianças foram forçadas a integrar grupos armados. Deram metralhadoras para as mãos que deviam segurar lápis e cadernos. Roubaram-lhes a infância. Muitas outras crianças ficaram sem pais, sem família, perdidas num país perdido numa guerra sem fim. Nunca se saberá certamente a dimensão real de toda esta tragédia, mas calcula-se que haverá cerca de um milhão de órfãos na Síria…

SÃO 25 MIL CRIANÇAS... VÃO SER 25 MIL MILAGRES! Para a Irmã Annie todas estas crianças são como filhos. Esta religiosa de olhar meigo é responsável pelas campanhas de solidariedade da Fundação AIS nas cidades de Alepo e Damasco.
É o caso da pequena Sandra, na foto ao colo da mãe, que, com 2 anos e meio, não pesa mais do que 6 kg. O seu pai era farmacêutico em Alepo e morreu de tumor cerebral há dois anos. O seu irmão mais velho, Mjad, tem 4 anos e é autista. A sua mãe, Laura, mal consegue ganhar o suficiente para alimentá-los… Neste Natal, a prioridade é dar algum conforto às crianças. A estas crianças. A economia está estrangulada. O salário médio das famílias pouco mais dá do que para uma semana. Com o dinheiro a valer cada vez menos, a simples compra de um casaco parece um sonho impossível de concretizar para muitas famílias. Mas não para a irmã Annie.
Com a ajuda da Fundação AIS, esta religiosa decidiu que este ano, era novamente possível fazer mais um verdadeiro milagre, oferecendo a cada criança um blusão que lhe permita resistir aos rigores do In erno.
Estas crianças vivem em Damasco e Aleppo, mas também em Homs, Kameshli, Hassakeh, Swidaa e Horan. São crianças que, com a ajuda da Fundação AIS, vão ter um Natal menos frio, menos duro. Mais feliz. Para a irmã Annie, esta está a ser seguramente uma campanha muito especial.
Uma iniciativa que só será possível graças à generosidade dos benfeitores da Fundação AIS. Estas crianças +podem contar consigo?
MENSAGEM DA IRMÃ ANNIE PARA OS BENFEITORES DA FUNDAÇÃO AIS EM PORTUGAL
“
Queridos amigos da Fundação AIS em Portugal, Este ano celebram o 25º aniversário, 25 anos de doação, amor, generosidade e entusiasmo. Milhares de famílias cristãs rezam por vós e agradecem-vos porque vocês foram o sorriso que curou as feridas de muitos numa época em que tinham o coração ferido e em sangue por causa da guerra, da dor e da injustiça. Vocês foram a mão do Senhor que pousou nos seus ombros e os pés do Senhor porque a vossa ajuda chegou a muitos lugares com encorajamento e apoio, e foram o coração do Senhor que cura o oração de muitos.
Tal como acontece todos os anos quando chega o Natal, as crianças aguardam ansiosamente pelo que lhes vamos oferecer e este é o seu maior sonho porque um casaco equivale a quase um salário. Há sete anos o nosso projecto foi o mesmo deste ano e quando entregámos os casacos às crianças, a alegria nos seus rostos era imensa e indescritível, as crianças abraçavam o seu presente, incrédulas. As crianças perceberam que o Natal não passaria sem roupa para elas e tudo graças a vocês!
Em meu nome e em nome de todas as pessoas que ajudaram, dizemos obrigado. Rezamos para que o Senhor possa aumentar a vossa graça, santidade, bênção e, se Deus quiser, para que possam continuar a brilhar com a graça de Deus e são sempre a voz de Deus para cada pobre, cada pessoa que sofre e cada cristão.”
Irmã Annie Demerjian, de Alepo
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