Na terça-feira, 7 de Abril, em plena Semana Santa, quando se deu o ataque à Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Nangololo, a segunda missão mais importante da diocese e que vai fazer 100 anos em 2024, houve também na região o massacre de mais de meia centena de jovens que se terão recusado a engrossar as fileiras de um grupo armado.
A notícia da execução destes jovens, alguns terão sido decapitados, encheu as primeiras páginas dos jornais em todo o mundo. Ataque “cruel e diabólico”, “massacre” de jovens e “brutalidade” foram expressões usadas pelo The Guardian, BBC ou DW, por exemplo.
Em entrevista à Fundação AIS, o bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, fala numa “imensa tristeza” perante o assassinato dos jovens que se recusaram a engrossar as fileiras dos jihadistas. O prelado afirma que “são verdadeiros mártires da paz porque não aceitaram participar na violência, na guerra e por isso foram assassinados”.
A Igreja Católica não esconde a gravidade desta situação, a aparente facilidade com que os grupos armados actuam na região e o sentimento de insegurança que cresce de dia para dia.
Na semana passada, a Fundação AIS divulgou uma mensagem que a Pastoral de Comunicação da Diocese de Pemba enviou para Lisboa onde dava conta deste sentimento de orfandade que se vive no distrito de Cabo Delgado.
“
Estamos a ser atacados”, diziam os cristãos na mensagem de alerta e pedido de socorro. “Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos a ser atacados… Há três anos tudo mudou nas nossas vidas. Choramos de tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde.”
A dimensão brutal do ataque de 7 de Abril, com o assassinato dos 52 jovens, veio aumentar a preocupação de todos perante esta situação. O que se sabe é que os ataques têm vindo a aumentar de violência e praticamente todos os observadores se referem a uma insurgência jihadista no norte de Moçambique. Desde que estes ataques tiveram início, em 2017, contabilizaram-se já cerca de 500 mortos e mais de 200 mil deslocados.
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