O Bispo de Sokoto publicou uma mensagem muito dura para com o presidente da Nigéria face à onda de violência contra a comunidade cristã na Nigéria. Nessa mensagem, enviada para a Fundação AIS, D. Matthew Kukah culpa directamente Mohammadu Buhari de não ser capaz de suster os grupos armados que têm vindo a semear o terror entre a comunidade cristã, especialmente na região norte do país.
“Onde estão as filhas Chibok? Onde está Leah Sharibu? Quem são os assassinos que invadiram a nossa terra? A nossa terra agora é uma poça de sangue”, afirma o prelado. As “filhas de Chibok” que o Bispo refere, são as estudantes da escola secundária feminina sequestradas em 14 de Abril de 2014. Num ataque da responsabilidade do grupo jihadista Boko Haram, particularmente activo na região norte da Nigéria, 276 raparigas foram raptadas, das quais ainda várias dezenas estão dadas como desaparecidas.
Leah Sharibu, que o Bispo também pergunta onde está, foi vítima de um outro sequestro também a um estabelecimento de ensino feminino. Dessa vez, o alvo foi a escola de Dapchi e o ataque ocorreu a 19 de Fevereiro de 2018. Todas as 110 jovens raptadas acabariam por ser libertadas e devolvidas às suas famílias cerca de um mês depois, com excepção de Leah Sharibu. Esta jovem, de 15 anos, recusou converter-se ao Islão como os terroristas exigiam. Por não ter renunciado à sua fé, continuou em cativeiro.
Na
mensagem, o Bispo de Sokoto aponta o dedo ao presidente da Nigéria – um muçulmano no poder desde Abril de 2015 – de ser incapaz de suster esta onda de violência, não dando resposta a estes casos que afligem tantas famílias. D. Matthew Kukah diz mesmo que o nepotismo se transformou “na nova ideologia” da Nigéria e está a tomar conta da governação do país. Um nepotismo que passa pelo favorecimento dos muçulmanos na atribuição dos lugares-chave do poder.
O Bispo de Sokoto tem sido uma das vozes mais activas na denúncia da violência contra a comunidade cristã na Nigéria. Em Agosto, no contexto de uma Jornada de Oração promovida pela Igreja Católica, D. Matthew Kukah disse, também em declarações à Fundação AIS, que “
está a acontecer um genocídio na Nigéria”, afirmando haver responsabilidades ao nível das Forças Armadas, por não conseguirem anular o foco de insurgência terrorista no norte do país que já causou mais de 36 mil mortos desde 2009 e mais de dois milhões de deslocados.
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