Arzoo Raja tem apenas 13 anos. Foi raptada na terça-feira, dia 13 de Outubro, quando estava a brincar junto da sua casa no bairro na Paróquia de Santo António, em Karachi, no Paquistão.
Arzoo é a mais nova dos quatro filhos de Rita e Raja Lal Masih. Ambos estavam a trabalhar quando a rapariga foi raptada tendo sido alertados pelo telefonema de um familiar. Apresentaram queixa na polícia. Dois dias depois, a 15 de Outubro, chamados a uma esquadra, foram confrontados com um documento que alegadamente comprovaria o casamento de Arzoo com um muçulmano, Azhar Ali, de 44 anos de idade.
Segundo esse documento, enviado para a Fundação AIS em Lisboa, a jovem cristã teria 18 anos de idade o que validaria o casamento segundo a legislação em vigor no Paquistão. Os pais de Arzoo Raja, naturalmente revoltados e muito preocupados, pediram ajuda “às autoridades eclesiásticas”, nomeadamente a Comissão Nacional de Justiça e Paz, que tem apoiado as famílias cristãs em situações semelhantes.
Este novo caso de rapto e conversão forçada de uma rapariga menor de idade está a provocar “revolta e medo” entre os cristãos paquistaneses pois é revelador, explicou um dirigente da comunidade à Fundação AIS, do clima de insegurança em que vivem as minorias religiosas neste país.
O caso de Arzoo Raja vem somar-se aos de
Maira Shahbaz e Huma Younus, também cristãs, menores de idade e também sequestradas e forçadas a casar com os respectivos raptores.
O caso de Maira, de 14 anos de idade, sofreu uma reviravolta a 18 de Agosto quando a jovem rapariga cristã conseguiu fugir das garras do seu raptor e apresentar queixa contra ele numa esquadra da polícia. Nessa declaração, a jovem afirmou ter sido raptada à força em Abril, com uma arma apontada contra si, quando estava perto de sua casa em Madina Town, no Punjab.
Posteriormente – disse ainda Maira às autoridades –, foi drogada e forçada a casar e a converter-se ao Islão. Nesse testemunho, a jovem cristã afirmou também ter sido violentada, chantageada e forçada à prostituição.
O outro caso mais conhecido, o de
Huma Younus, 15 anos, teve também uma mudança favorável em 21 de Setembro, quando o Tribunal de primeira instância de Karachi Oriental emitiu um mandado de prisão contra o raptor da jovem e os seus cúmplices. O tribunal acusou-os de sequestro, violação e de terem forçado o casamento com um dos raptores.
Huma Younus terá entretanto engravidado e estará a viver, praticamente como reclusa, num quarto.
Em Janeiro, de passagem por Lisboa, o Arcebispo de Lahore comentou este caso lembrando que, só no ano passado, houve “cerca de uma centena” de sequestros de raparigas cristãs no Paquistão. “Sei que [Huma] foi raptada e depois foi violada”, afirmou
D. Sebastian Shaw à Fundação AIS.
Para o prelado, o sequestro de jovens raparigas “significa que alguma coisa está errada na sociedade”. Não há números concretos sobre esta realidade dramática, mas em relação ao ano passado, por exemplo, ano em que ocorreu o sequestro da jovem Younus, o Arcebispo de Lahore avançou com uma indicação genérica: “Não sei os números exactos, mas foram muitos, muitos casos. Talvez uma centena, talvez um pouco menos. Do Punjab, de onde eu venho, também houve casos e muitas [destas raparigas] são menores de idade”.
PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt